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Angelo Alves- Graduado em Ed.Física UCSal; Pós-Graduado em Fisiologia do Exercício; Times que Trabalhei: Vitoria BA, Miami FC, FC Moscow, Krilia Sovetov (Russia ).Estágio CSKA da Russia.

domingo, 22 de julho de 2012

Jogos reduzidos versus jogos condicionados,vantagens de metodologia.

Cada vez mais, os profissionais da área têm procurado alternativas para aprimorar e especificar a prescrição e o controle do treinamento no futebol a fim de acompanhar a evolução dos aspectos físicos e táticos da modalidade. Nos esportes coletivos de características intermitentes, existe uma tendência a buscar métodos que possam aprimorar as capacidades físicas juntamente com as qualidades técnicas e táticas a partir do método global ou integrado. Nesse contexto, os jogos reduzidos aparecem como uma proposta interessante de treinamento para o aprimoramento da performance de jogadores de futebol (BANGSBO, 1994; DRUST; REILLY, 2000; IMPELIZZERI et al., 2006; HILL-HAAS et al., 2011). Apesar da constatação da importância que aplicação de jogos reduzidos possui para o aprimoramento da performance de atletas de modalidades intermitentes, ainda há uma lacuna na literatura científica de estudos que analisaram o efeito desse modelo de treinamento no futebol. Alguns estudos encontrados na literatura científica investigaram métodos específicos a partir de jogos reduzidos no futebol e os efeitos nas qualidades físicas da modalidade (DRUST; REILLY, 2000; REILLY; GILBOURNE, 2003; IMPELIZZERI et al., 2006). Impelizzeri et al. (2006) compararam o efeito do treinamento de jogos reduzidos com o modelo de corrida intervalada de alta intensidade (4 séries de 4 minutos a 90 % a 95 % da frequência cardíaca máxima com recuperação ativa de 3 minutos para ambos os métodos), duas vezes por semana em jogadores adolescentes de futebol. Este trabalho demonstrou que o treinamento no modelo de jogos reduzidos realizado nessa intensidade da frequência cardíaca máxima - FCmáx (90% a 95%) proporcionou melhoras na capacidade e potência aeróbia dos atletas de forma similar ao método de corrida intervalada. Dessa forma, constata-se que é possível encontrar faixas de intensidades de esforço durante os jogos reduzidos que possibilitem o treinamento nos diferentes domínios fisiológicos (moderado, pesado e severo), para melhorar o condicionamento aeróbio e a performance dos atletas (BANGSBO, 1994; DRUST; REILLY, 2000; REILLY; GILBOURNE, 2003; HILL-HAAS et al., 2011). O treinamento no modelo de jogos reduzidos pode alcançar uma intensidade de exercício adequada para melhorar tanto o condicionamento específico de modalidades intermitentes (testes de campo), como variáveis aeróbias, assim como o consumo máximo de oxigênio (VO2max) e os limiares de transição fisiológica (DA SILVA et al., 2011). Assim, a preparação física deve ser baseada na realização de exercícios específicos da modalidade, visto que os mesmos resultarão em modificações anatômicas e fisiológicas que se relacionam as necessidades da mesma (DA SILVA et al., 2011). Assim, esse tipo de treinamento parece ser uma alternativa eficiente para aprimorar a performance aeróbia em esportes coletivos, ativando grupos musculares que são requeridos durante os jogos (IMPELIZZERI et al., 2006), tendo benefícios tais como: reproduzir as demandas de movimentação, intensidade fisiológica e a técnica requerida para jogar uma partida (HILL-HAAS et al., 2011; DA SILVA et al., 2011). Entretanto existe uma confusão na prática por parte dos profissionais na aplicação dos jogos reduzidos e dos jogos condicionados. Entre os adeptos da primeira metodologia muitos utilizam somente (ou como foco principal) com ênfase no aprimoramento físico. As principais regras impostas durante a aplicação desta metodologia (espaço reduzido, menos elementos envolvidos e numero de toques na bola limitados para cada jogador) são estritamente para o controle da relação volume/intensidade. Ainda há aqueles que utilizam os jogos reduzidos dentro da metodologia do treinamento integral, como parte de um aprimoramento físico específico. Com os chamados jogos condicionados, que se convencionou assim dizer a partir de algum tempo atrás, mas na verdade nada mais são que os jogos desportivos coletivos, os já então conhecidos como JDC’s, os quais foram propagados em grande parte pelo professor Garganta e seus colaboradores (do grupo de estudo da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto - FADEUP), mas que surgiram originalmente com o professor Claude Bayer com a obra que impulsionou essa discussão “O ensino dos desportos colectivos” (1994) publicada originalmente na França em 1979. Importante ressaltar esta nova forma de conceber o ensino do esporte coletivo, iniciada por Claude Bayer e ampliada pelos autores portugueses, vem rediscutindo a técnica aliada à discussão da tática. Mais tarde, na década de 1990 surgiu o trabalho “O Ensino dos Jogos Desportivos”, coletânea organizada por Amandio Graça e José de Oliveira de 1995, fruto do trabalho do Centro de Estudos dos Jogos Desportivos, da FADEUP. Diferente da maneira que os jogos reduzidos são vistos ou aplicados, os jogos condicionados ou JDC’s podem de maneira semelhante, a partir do uso das mesmas regras (espaço reduzido, menos jogadores e numero de toques na bola limitados) aprimorarem o condicionamento físico dos atletas de futebol, mas não necessariamente dessa forma, pois podem ser realizados com a ótica do jogo formal adaptado. Além disso, esta metodologia extrapola o aprimoramento físico/técnico, alcançando um aprimoramento tático e de tomada de decisão dos jogadores. Com normas estabelecidas e regras que busquem um objetivo para a atividade, seja ele qual for aprendizagem/fixação dos princípios táticos de jogo ou como agir frente a determinadas situações da partida dentro do modelo de jogo da equipe, os jogos condicionados geram um aprendizado estratégico/tático com sua aplicação. Para Da Silva (1998) a construção do conhecimento nos jogos condicionados se deve edificar a partir de perspectivas que se focalizem na lógica interna ou natureza do jogo. A lógica interna do jogo é o produto da interação contínua entre as principais convenções do regulamento e a evolução das soluções práticas encontradas pelos jogadores, decorrentes das suas habilidades táticas, técnicas e físicas. Dessa forma, se os jogos reduzidos forem conduzidos com objetivos bem determinados quanto aos princípios táticos ou idealizado com intenção de uma evolução de aprendizagem dentro do modelo de jogo pretendido, nada mais é, ou tornam-se jogos condicionados. Ainda é preciso criar nos atletas a consciência da natureza do jogo, que é além de outras características, imprevisível. Por isso, ao buscar criar/idealizar um jogo condicionado é preciso saber que deve haver uma liberdade para a tomada de decisão por parte dos atletas e também serão necessárias alternativas ou variações da atividade para proporcionar um aprendizado aprimorado. Este é um exemplo de uma atividade de jogo condicionado para introduzir para uma atividade mais próxima do jogo formal. Joga-se em um espaço próximo de 2/4 de campo com um numero de elementos de 7x7 mais goleiros (numero dependente do esquema tático adotado). Divide-se o campo de jogo em quatro setores e por ser um exercício introdutório tem um caráter mais abrangente com objetivo principal de trabalhar a compactação e os blocos defensivos e ofensivos e/ou unidade defensiva e ofensiva para preparar para exercícios mais específicos de acordo com o planejamento. Para tal a regra mais importante é a de que tanto a equipe que ataca quanto a que defende deve estar nos dois setores mais próximos da bola. Após esse primeiro momento, deve-se ir introduzindo variações tais como a transição rápida para os dois setores ofensivos em um determinado tempo ou numero de toques na bola com ou sem posse de bola em um segundo momento, e num terceiro momento a realização da pressão para retomar a posse da bola no setor onde ela foi perdida. Deve-se também criar diferentes pontuações para o gol e para cada regra adotada afim de estimular mais a prática e o aprendizado. Importante também são os momentos de reflexão entre as atividades para conferir o nível de entendimento de cada jogador. Esta atividade é um exemplo de jogo condicionado mais complexo, ou seja, muito próximo da ótica do jogo formal (provavelmente muitos discordem que se assemelhe dos jogos reduzidos). No exemplo acima joga-se em 10 atletas contra 8 mais o goleiro. O objetivo principal da atividade é o trabalho da defesa a zona. Para isso divide-se o campo de defesa em setores (3 na horizontal e 3 na vertical, linha pontilhada). Os princípios táticos que podem ser trabalhados como objetivo do exercício são a unidade defensiva, contenção e cobertura defensiva, e os sub-princípios tais como concentração defensiva, ataque a ala da bola, dobras de marcação, entre outros. A intenção da atividade é que os atletas formem as duas linhas de quatro (dependente do esquema tático) da maneira mais adequada possível as situações de jogo e aplicando os princípios e sub-princípios desejados. Para tal coloca-se regra de que a equipe que defende precisa estar dentro dos dois setores mais próximos do local onde está o portador da bola. Além disso princípios ofensivos também são trabalhados, tais como infiltração e apoio ofensivo. Ainda a equipe que defende o gol na trave normal ataca três traves pequenas (golzinhos). O objetivo é fazer a equipe entender como armar o contra-ataque e/ou transição ofensiva da melhor e mais rápida maneira possível. Para isso pode-se colocar regras tais como o gol pelas laterais vale mais do que pelo meio, certo numero de toques para chegar ao meio de campo ou um tempo determinado. Como é uma atividade que aborda vários aspectos deve-se ter o cuidado quanto em que momento aplica-lá no planejamento e quanto ao feedback ou correção dada aos atletas, pois é comum corrigir os aspectos que não são o objetivo principal do exercício. Adicionalmente, com a utilização desse método as habilidades técnicas e táticas são envolvidas e treinadas em condições similares dos jogos, ou seja, um treinamento específico do esporte que promove uma efetiva transferência ao ambiente competitivo (BANGSBO, 1994; HILL-HAAS et al., 2